Estilo Possível #8: O futuro da beleza
Como as novas gerações estão pautando mudanças no mercado
Enquanto outros mercados sofrem com a recessão e dificuldades na era pós-pandêmica, a indústria da beleza hoje é um negócio que movimenta cerca US$427 bilhões de dólares por ano.
Já reparou que todo mundo parece estar em busca um pedacinho desse faturamento?
De produtos assinados por celebridades como Selena Gomez e Scarlett Johansson, a marcas tradicionais como Avon e Coty, o segmento não para de se reinventar. O Brasil acompanha esse crescimento, ficando em terceiro lugar no ranking de consumo de cosméticos do mundo, e aqui é possível se observar novas marcas e modelos de negócios entrando no mercado todos os dias.
Há séculos, as pessoas criam teorias a respeito da beleza e já na Grécia Antiga, se empregava uma máxima presente no senso comum até hoje: “quem é belo é caro, quem não é belo não é caro” (ECO, 2017). Muitos teóricos, remontando pelo menos a Platão, viam a beleza como uma propriedade de um objeto que produz uma experiência prazerosa em qualquer observador adequado.
Essa visão inspirou muitas tentativas psicológicas de identificar os contribuintes críticos para a beleza. Entre as características identificadas estavam equilíbrio e proporção, simetria, conteúdo informacional e complexidade, bem como contraste e clareza. Esse “objetivismo” da beleza era tão dominante no século 16 que vários artistas europeus criaram livros com padrões, oferecendo elementos pictóricos que outros artistas podiam copiar e combinar uns com os outros para criar algo considerado belo.
Obviamente, sofremos as consequências dessas teorias até hoje, com todos os padrões que se impuseram. E, se a gente for parar pra pensar, é até ingênuo que essas pessoas realmente acreditassem que a noção de beleza fosse governada apenas por elementos e considerações completamente racionais.
Hoje, apesar das consequências deixadas por essa visão totalmente ocidentalizada deixou, mais pessoas têm a clareza de que essa é uma questão de aspirações em constante mudança. Moda e beleza estão significativamente ligadas, estando ambas relacionadas à valores culturais e sociais. Valores estes que num mundo descentralizado como o nosso são constantemente modificados e colocados à prova.
Mas por que estamos falando disso?
Na última semana foi lançada uma edição especial do report anual do Business of Fashion (The State of Fashion) com foco na indústria da beleza. A pesquisa traz insights essenciais pra quem acompanha ou tem interesse nesse mercado e demonstra que a diversificação é mais essencial do que nunca.
Enquanto os boomers e millenials eram ofendidos pela publicidade, na maior cara de pau, as novas gerações não vão aceitar que as marcas digam a elas o que elas precisam fazer ou consumir em prol da beleza. De acordo com o report:
“(o que é beleza…) Está na mente de muitos consumidores de beleza e, por isso, podemos agradecer à Gen-Z. Esta geração, os adolescentes de hoje e os jovens de vinte e poucos anos que representarão um quarto da população mundial em 2030, têm uma influência enorme sobre a indústria devido, por exemplo, ao domínio dos canais de mídia social para expressar gostos e desgostos, influenciar as gerações mais velhas de consumidores e desafiar visões dominantes do que constitui uma pessoa bonita."
Outra temática forte no que diz respeito ao consumo e direcionamento de marcas é o propósito. Com tanta gente se lançando todos os dias no mercado, os consumidores procuram cada vez mais marcas que tragam valores compatíveis com os seus. Marcas com atributos sustentáveis como as que não fazem testes em animais, usam produtos orgânicos e naturais, são mais inclusivas, não poluam, têm responsabilidade social ou reciclam suas embalagens, vão ganhar ainda mais destaque entre os compradores.
Que venham as mudanças e que sejam para melhor!
muito bom! adorei o texto.
Marina! To amando os seus textos e aprendendo diversas novidades, já que não sou do meio. Obrigada :) ♥️