Estilo Possível #9: Edward Enninful não será mais editor-chefe da Vogue Britânica
Mas o que isso significa?
Oi! Essa semana cheguei mais cedo porque queria muito comentar essa notícia.
Na última sexta-feira (02/06/2023), os funcionários da Vogue receberam com certa surpresa um comunicado por e-mail: Edward Enninful estava deixando o cargo de editor-chefe da Vogue Britânica. E vai se desenrolando mais um capítulo do Game of Thrones que rola nos bastidores das publicações Vogue Condé Nast…
Antes de tentar decifrar de todo esse rolê aí dos editores-chefes, vamos falar um pouco da carreira dele que foi o primeiro homem negro a ocupar esse cargo.
Quem é Edward Enninful?
Edward Enninful nasceu em Ghana, na cidade de Takoradi, em 1972, e mais tarde foi morar em Londres, onde começou a trabalhar como modelo. Filho de costureira, ele decidiu que gostaria de trabalhar em publicações de moda e, aos 18 anos, passou a ser assistente de Beth Summers, editora de moda da revista i-D, se tornando em seguida o diretor de moda mais jovem da história da revista.
No final dos anos 90, ele passou a colaborar com a Vogue Italia, sendo o principal responsável por diversas edições históricas da revista, com destaque para edição negra (The Black Issue), de 2008. A publicação contava apenas personalidade negras e teve quatro capas com as modelos Naomi Campbell, Liya Kebede, Jourdan Dunn e Sessilee Lopez.
Em 2017, Enninful passou a ser o primeiro homem negro a ocupar o cargo de editor-chefe da Vogue Britânica, um trabalho que historicamente havia sido desempenhado por mulheres brancas. Com a contratação a Vogue buscava se renovar, trazer mais diversidade pra suas páginas e conquistar uma audiência mais jovem, o que se confirmou com o aumento de tráfego no site e um ganho em anunciantes para a revista.
As principais histórias e fatos da vida de Edward Enninful estão reunidos em seu livro de memórias “A Visible Man", lançado no ano passado.
O que aconteceu com ele?
Bom, depois de apenas seis anos (pensa que a última editora-chefe, Alexandra Shulman, ficou mais de 20 anos no cargo!) no comando da Vogue Britânica, Enninful anunciou na última sexta-feira que não ocuparia mais essa posição.
Em nota dirigida aos chefes editoriais da Vogue França, Vogue Italia, Vogue Espanha e Vogue Alemanha, que se reportam a ele, Enninful diz estar migrando em 2024 para um “papel mais abrangente para aprimorar a Vogue global”, e para o cargo indefinido de:
“conselheiro editorial da Vogue Britânica, criativo global e conselheiro cultural da Vogue, onde eu vou continuar a contribuir para o sucesso criativo e cultural da marca Vogue globalmente, mas ao mesmo tempo terei a liberdade para aceitar maiores projetos criativos”
Até então, a Condé Nast não foi nomeou um sucessor para Enninful.
O que significa isso?
Nos últimos anos, muitas publicações de moda especularam que Enninful estaria cotado para substituir Anna Wintour, editora-chefe da Vogue America, quando ela se aposentasse. Houve, inclusive, rumores de que uma guerra interna estaria sendo travada entre os dois nos bastidores da Condé Nast.
De acordo com o site Business of Fashion, apesar de parecer que esse movimento sejam uma promoção para Enninful, existe um indicativo de que ele vai ser substituído por “editores mais jovens, com mais conhecimentos digitais (e menos bem pagos)”, como já aconteceu com as outras edições da Vogue na Europa.
Para Amy Odell, da newsletter Back Row, o simples fato da mudança de cargo de Enninful ter sido anunciada numa sexta-feira no final do expediente já indica que essa é uma notícia cuja repercussão não é de interesse da Condé Nast. E sinaliza, na verdade, um distanciamento do ex-editor-chefe das publicações Vogue.
Resumindo: a percepção geral é que essa é uma perda simbólica, não para Enninful ou Anna Wintour, mas as publicações de moda como um todo.
Essa história me faz lembrar um pouco do texto que escrevi aqui recentemente, sobre as microtendências. A velocidade que o digital impõe faz com que as publicações se insiram nesse fluxo maluco em que tudo é descartável. A grande batalha pelo tráfego, pra trazer anunciantes, pra ter a maior audiência possível gastando o mínimo possível traz uma a sensação de que tudo têm se tornado um tanto quanto genérico.
Para quem se interessar em saber mais sobre a Vogue, indico esse livro que tô terminando e faz um apanhado da história da revista:
Li três textos da sua newsletter e na minha cabeça eu já sou a maior conhecedora de moda kkkkk Conteúdo em texto é bom demais! ❤️